Para conter o avanço do coronavírus no Brasil, estados já vacinam idosos e profissionais de saúde e imunossuprimidos com a terceira dose dos imunizantes

 

Por Rose Malu 29/10/2021 

 

Com o surgimento e a disseminação de novas variantes da Covid-19, autoridades em saúde em todo o país passaram a considerar a aplicação de uma terceira dose da vacina como medida de reforço. No Brasil, por estipulação do Ministério da Saúde, estão autorizados a receber a terceira dose idosos a partir de 60 anos, imunossuprimidos e profissionais de saúde, de acordo com a disponibilidade de vacinas.

 

O Ministério da Saúde por meio da Câmara Técnica da Covid decidiu que há a necessidade da dose de reforço, principalmente para os que tomaram a CoronaVac há mais de 6 meses, pois a quantidade de anticorpos diminui muito na população acima de 60 anos com a vacina em questão. O fator determinante para que fosse considerada uma terceira dose foi o número de casos graves de covid-19 em idosos, tornando o reforço ainda mais essencial.

 

Para a terceira aplicação no grupo elegível, a indicação da pasta é dar preferência para o imunizante da Pfizer/BioNTech — que há previsão de entrega de remessas — e, caso não haja, AstraZeneca ou Janssen, mesmo que a fabricante da vacina usada anteriormente seja outra.

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A dose de reforço para aplicação em massa na população geral vem sendo analisada pela comunidade científica mundial. Entretanto, apesar da necessidade evidente da terceira dose, as desigualdades estruturais não podem ser ignoradas e a cobertura vacinal, com primeiras e segundas doses, precisa chegar a mais localidades para que o risco de surgimento de novas variantes seja menor. A equidade se faz necessária principalmente pensando nas populações em vulnerabilidade que, por questões como logística, estão em um ritmo mais lento de vacinação.

 

Exterior

 

Um estudo reforçando a importância da terceira dose foi publicado na revista médica New England Journal of Medicine. Realizado pelo Ministério da Saúde de Israel em parceria com um grupo interdisciplinar de profissionais de várias universidades do país, o levantamento confirma que os contágios entre pessoas com mais de 60 anos foram 11 vezes menores em comparação com um grupo que recebeu apenas duas doses. A vacina utilizada na pesquisa foi a Pfizer/BioNTech e mais de 1,1 milhão de habitantes de Israel foram observados no estudo.

 

No último mês, um comitê formado por membros do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e do Instituto Nacional de Saúde (NIH) se uniram com especialistas em doenças infecciosas e médicos para discutir a necessidade da terceira dose. A orientação final foi a de que devem receber a terceira dose pessoas com alto risco em caso de infecção pelo coronavírus. Pelo critério, naquele país, podem ser consideradas elegíveis a população a partir dos 65 anos e profissionais com elevado risco de exposição, como trabalhadores de saúde, professores e funcionários de creches, trabalhadores de mercearias, e aqueles em prisões, abrigos para sem-teto, entre outros.

 

A decisão mostrou-se um grande passo na contenção do coronavírus. Nesse sentido, as autoridades em saúde não descartam a adição de mais pessoas no grupo, determinação que dependerá da situação epidemiológica de cada região dos EUA.

 

A farmacêutica norte-americana Moderna divulgou um estudo no qual aponta o aumento de casos de covid-19 entre indivíduos vacinados com o imunizante da marca. Dessa maneira, apoia a aplicação de uma terceira dose de reforço entre oito e 13 meses depois de completado o regime vacinal. O estudo mostrou ainda que houve uma evolução na taxa de casos graves de 3,3, a cada 1000 pessoas vacinadas com a Moderna, para 6,2 nos que foram imunizados no ano passado. Ou seja, com o passar do tempo, se faz necessário o reforço.

 

Na França, um estudo constatou resposta imunológica fraca a duas doses de vacina contra a síndrome respiratória aguda grave coronavírus em receptores de transplantes de órgãos. Esses resultados levaram a Autoridade Nacional Francesa para a Saúde a recomendar o uso de uma terceira dose em pacientes imunossuprimidos.

 

 

REFERÊNCIAS

 

Three Doses of an mRNA Covid-19 Vaccine in Solid-Organ Transplant Recipients- The New England Journal of Medicine, 2021. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMc2108861. Acesso em: 4 out. 2021.

 

SENHORAS, E. M. O CAMPO DE PODER DAS VACINAS NA PANDEMIA DA COVID-19. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 6, n. 18, p. 110–121, 2021. DOI: 10.5281/zenodo.5009525. Disponível em: http://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/400. Acesso em: 5 out. 2021.

 

SOUZA, L. E. P. F., BUSS, P. M. Desafios globais para o acesso equitativo à vacinação contra a COVID-19.  Cadernos de Saúde Pública, Fiocruz, 2021. Disponível em: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/csp/artigo/1502/desafios-globais-para-o-acesso-equitativo-a-vacinacao-contra-a-covid-19. Acesso em: 5 out. 2021.