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Sala de Situação da UnB ganha espaço no DF e no país no enfrentamento a epidemias

Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, uma plataforma cooperativa também passou a auxiliar a tomada de decisões relativas ao enfrentamento da covid-19

12jun2020 logo salasituacao v1
A Sala de Situação da UnB foi criada em 2017 e ganhou força com a pandemia do novo coronavírus. Imagem: Sala de Situação/UnB

 

Criada em 2017, a partir de um projeto de extensão da Faculdade de Ciências da Saúde (FS), a Sala de Situação da Universidade de Brasília tem o objetivo de apoiar o monitoramento, a análise e a definição de ações em saúde junto a estudantes e gestores da área na tomada de decisão. O espaço tem ainda a missão de dar suporte pedagógico e tecnológico para ensino, pesquisa e extensão que permita melhor caracterização e interação entre diferentes atores institucionais e a realidade epidemiológica e tecnológica do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Em três anos de funcionamento, a iniciativa firmou-se no âmbito da Universidade de Brasília, atuou em diversas frentes no Distrito Federal e, com resultados significativos, neste ano – em pleno período de isolamento social para combate à pandemia do novo coronavírus – fez também uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília, quando lançaram conjuntamente a Plataforma de Inteligência Cooperativa com Atenção Primária à Saúde para o enfrentamento da covid-19 nos territórios (Picaps).

 

Ao reunir esforços de aproximadamente 300 pessoas das duas instituições – entre docentes, técnicos, pesquisadores, estudantes e residentes –, a Picaps atua para fornecer o acesso de informações de inteligência para os profissionais de saúde que atuam na atenção primária, com base em dados sobre o fluxo de pessoas e dos grupos mais vulneráveis à covid-19.

 

“Agora esses dois atores juntos têm o potencial de conseguir trazer uma velocidade maior entre o que é coleta de dados lá na ponta [na unidade de saúde, na comunidade, na mobilização e no estímulo às lideranças locais] e integrar isso com tecnologias robustas de análise de dados e de vigilância para o enfrentamento da covid-19", afirma o professor Jonas Brant, da Faculdade de Saúde, coordenador da Sala de Situação e um dos responsáveis pela iniciativa Picaps.

 

Para ele, trata-se de uma situação ganha-ganha: "uma equipe que trabalha mais na ponta, no campo, e uma que trabalha mais na inteligência dos dados para a tomada de decisão. É aí que essas duas instituições ganham força”, destaca. 

 

Segundo o docente, a Fiocruz tem um importante projeto de residências multiprofissionais – são cerca de 200 residentes trabalhando em terreno, com forte atuação voltada para a escala local – e outro para o desenvolvimento de tecnologias de suporte a decisões e resposta a emergência, para o qual recentemente captaram recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF). E a Sala de Situação da UnB tem um projeto grande de suporte a territórios, mais voltado para Regiões de Saúde do DF, Regiões Administrativas e municípios vizinhos.

“Esse tem sido o design que temos construído para dar suporte aos territórios, seja com ações de estímulo às lideranças locais para o enfrentamento de epidemia lá nas comunidades, seja com análise de dados e modelagem para poder prever os rumos da epidemia”, explica Brant, que é epidemiologista.

 

A plataforma de inteligência cooperativa tem trabalhado com ênfase na gestão de projetos e estratégias, inclusive para coordenar crises, e com uso de tecnologias de informação e comunicação para dar o apoio necessário.

Os pilares que regem a parceria no momento são quatro: o de construção de cenários – a modelagem analisa o presente e tenta predizer o futuro da epidemia; o de vigilância em saúde, que usa os dados das predições e das tecnologias para entender o que está acontecendo e propõe como organizar melhor o processo de vigilância, que ações podem ser desencadeadas e ajuda a definir os métodos para que elas possam ocorrer; o de revisão do conhecimento, que busca informações na literatura a partir de demandas como as de municípios e territórios, por exemplo; e, por fim, o de tradução do conhecimento, que visa adequar esse material construído por todas as outras áreas para que possa chegar de forma mais palatável para o público-alvo em um suporte direto de atendimento.

 

“A Picaps traz a possibilidade da construção de um arcabouço de colaboração, então ganhamos mais velocidade nas ações conjuntas, mas segue cada órgão com sua individualidade. Esse é o grande fator positivo desse espaço formal de colaboração interinstitucional”, avalia Brant, ao lembrar que ambas as instituições mantêm suas rotinas e seus compromissos assumidos anteriormente à pandemia.

“O que fazemos, ao integrar a Picaps, é construir um espaço de integração para que as ações que estão sendo feitas pela Fiocruz não sejam repetidas pela Sala de Situação. Assim, podemos alinhá-las e de forma que um grupo possa fortalecer o outro", descreve.

 

Por exemplo: a Sala de Situação trabalha com ênfase a questão do geoprocessamento e a equipe da Fiocruz dedica-se em especial ao mapeamento local. Assim, a possibilidade de integração desses dados gera potencial para algumas análises mais complexas, como pontua Brant.

 

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