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A inalação de gotículas respiratórias e partículas de aerossóis faz com que o vírus entre no organismo

 

Por Rose Malu | 09/09/2021 

 

A transmissão através de aerossóis está entre os três tipos de transmissão possíveis do novo coronavírus. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), além da contaminação por inalação de gotículas respiratórias e partículas de aerossol e, também, por deposição de vírus transportados em gotículas na boca, nariz ou olhos, seja por respingos diretos e sprays, bem como tocando as mãos contaminadas na boca, nariz ou olhos.

 

Visado em entender o processo que torna os aerossóis potenciais transmissores, a Coordenação de Atenção e Vigilância em Saúde (CoAVS), fez uma intensa revisão bibliográfica em periódicos e recomendações de autoridades em saúde como o CDC. Durante a imersão, constatou-se que é preciso saber diferenciá-los de gotículas respiratórias.

 

As gotículas respiratórias são fluidos liberados durante a expiração, expelidas durante a fala, a tosse ou pelo espirro, e por serem maiores, ao se depositarem no ar, podem ficar de segundos a minutos suspensos. Já os aerossóis são formados quando gotículas muito finas, e que secam rapidamente, são pequenas o suficiente a ponto de permanecerem suspensas no ar de minutos a horas.

 

Os aerossóis possuem menos carga viral que as gotículas justamente por se apresentarem em tamanhos menores. Nesse sentido, são potencialmente mais nocivos, via transmissão aérea, em lugares fechados e com pouca ou inadequada ventilação por ficarem mais tempo suspensos. As gotículas podem contaminar diretamente quem está próximo, até dois metros de distância sem o uso de máscara, ou indiretamente, em objetos e superfícies ao redor onde caem por serem mais pesadas e densas.

 

A diminuição da concentração de vírus no ar acontece à medida que as gotículas mais pesadas caem, impulsionadas pela força da gravidade. Já as gotículas muito finas e as partículas de aerossol, se misturam e se diluem, progressivamente, dentro dos fluxos de ar que encontram. 

 

O CDC afirma que a viabilidade viral e a infecciosidade, ao longo do tempo, são influenciadas por fatores ambientais como temperatura, umidade e radiação ultravioleta.

 

Fatores que aumentam o risco de infecção 

 

Emissão aumentada de fluidos respiratórios – de acordo com o CDC, acontece quando a pessoa infectada está envolvida em esforço físico ou levanta a voz, seja se exercitando, gritando ou cantando, por exemplo. O risco aumenta se a exposição a essas condições for prolongada, normalmente por mais de 15 minutos.

 

Proximidade – O Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências (Sage), do Reino Unido, estima que o risco de transmissão do Covid-19, a um metro, pode ser duas a 10 vezes maior do que dois metros, ou seja, o ideal é manter o distanciamento social.

 

Entretanto, essa regra não é de hoje, considerando que o distanciamento social de um a dois metros para doenças transmissíveis é significativamente anterior à Covid-19. Um estudo de Jennison, de 1942, referenciado como evidência inicial para o uso do limite de um a dois metros, utilizou a fotografia de alta velocidade para detectar secreções atomizadas e descobriu que a maioria das gotas foi expulsa dentro de um metro.

 

Não utilização de máscara – Estudos científicos sugerem que o hábito de usar máscara tem bloqueado de forma muito eficaz a deposição de gotículas. Observações constataram que pequenas quantidades de gotículas (até sete) foram vistas a várias distâncias do emissor, mas esses valores eram menores do que aqueles observados sem máscara para falar e tossir, respectivamente. Para tosse, foi observado que gotículas respiratórias percorreram distâncias de até dois metros.

 

Riscos da propagação por meio de aerossóis e gotículas

Conforme divulgado em periódicos pelo pesquisador, Jefferson M. Jones, situações de risco podem ocorrer em ambientes fechados, sem ventilação adequada, com muitas pessoas e barulhos. As regras de distanciamento físico seriam mais eficazes se refletissem os níveis graduais de risco.

 

Nas situações de maior risco, o distanciamento físico além de dois metros e a minimização do tempo de ocupação devem ser considerados, e é provável que um distanciamento menos rigoroso seja adequado em cenários de baixo risco.

 

Sobre a CoAVS

A Coordenação de Atenção em Saúde (CoAVS) é vinculada à Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária (DASU) e integra, assim, o Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) da Universidade de Brasília (UnB). O objetivo da unidade é promover ações de vigilância, coordenação e inteligência para riscos à saúde de forma oportuna nos diferentes campi da universidade.

 

Referências

 

SCIENTIFIC Brief: SARS-CoV-2 Transmission. Centers for Disease Control and Prevention, 2021. Disponível em:https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/science/science-briefs/sars-cov-2-transmission.html. Acesso em: 14 de mai. 2021.

 

STADNYTSKYI V, Bax CE, Bax A, Anfinrud P. The airborne lifetime of small speech droplets and their potential importance in SARS-CoV-2 transmission. Proc Natl Acad Sci U S A. Jun 2 2020;117(22):11875-11877. doi:10.1073/pnas.2006874117

 

ALSVED M, Matamis A, Bohlin R, et al. Exhaled respiratory particles during singing and talking. Aerosol Science and Technology. 2020;54(11):1245-1248. doi:10.1080/02786826.2020.1812502

 

TRANSMISSÃO do SARS-CoV-2: implicações para as precauções de prevenção de infecção. OPAS, 2020. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52472/OPASWBRACOVID-1920089_por.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 20 de mai. 2021. 

 

JONES N et al. Two metres or one: what is the evidence for physical distancing in covid-19?. BMJ, 2020. Disponível em: https://www.bmj.com/content/bmj/370/bmj.m3223.full.pdf. Acesso em: 21 de mai. 2021.